sábado, 7 de setembro de 2013

O GATO DE BOTAS

Era uma vez um moleiro muito pobre, que tinha três filhos. Os dois mais velhos eram preguiçosos e o caçula era muito trabalhador.
Quando o moleiro morreu, só deixou como herança o moinho, um burrinho e um gato. O moinho ficou para o filho mais velho, o burrinho para o filho do meio e o gato para o caçula. Este último ficou muito descontente com a parte que lhe coube da herança, mas o gato lhe disse:
__Meu querido amo, compra-me um par de botas e um saco e, em breve, te provarei que sou de mais utilidade que um moinho ou um asno.
Assim, pois, o rapaz converteu todo o dinheiro que possuía num lindo par de botas e num saco para o seu gatinho. Este calçou as botas e, pondo o saco às costas, encaminhou-se para um sítio onde havia uma coelheira. Quando ali chegou, abriu o saco, meteu-lhe uma porção de farelo miúdo e deitou-se no chão fingindo-se morto.
Excitado pelo cheiro do farelo, o coelho saiu de seu esconderijo e dirigiu-se para o saco. O gato apanhou-o logo e levou-o ao rei, dizendo-lhe:
__Senhor, o nobre marquês de Carabás mandou que lhe entregasse este coelho. Guisado com cebolinhas será um prato delicioso.
__Coelho?! - exclamou o rei.
__ Que bom! Gosto muito de coelho, mas o meu cozinheiro não consegue nunca apanhar nenhum. Diga ao teu amo que eu lhe mando os meus mais sinceros agradecimentos.
No dia seguinte, o gatinho apanhou duas perdizes e levou-as ao rei como presente do marquês de Carabás.
Durante um tempo, o gato continuou a levar ao palácio outros presente, todos dizia ser da parte do Marquês de Carabás.
Um dia o gato convidou seu amo para tomar um banho no rio. Ao chegarem ao local o gato disse ao jovem:
__ De hoje em diante seu nome será Marquês de Carabás. Agora, por favor, tire sua roupa e entre na água.
O rapaz não estava entendendo nada, mas como confiava no gato atendeu seu pedido.
O gato havia levado rapaz no local por onde devia passar a carruagem real.
esperto gato ao ver uma carruagem se aproximando começou a gritar:
__Socorro! Socorro!
Que aconteceu? - perguntou o rei, descendo da sua carruagem.
Os ladrões roubaram a roupa do nobre marquês de Carabás! - disse o gato.
__ Meu amo está dentro da água, ficará resfriado.
O rei mandou imediatamente uns servos ao palácio; voltaram daí a pouco com um magnífico vestuário feito para o próprio rei, quando jovem. 
O dono do gato vestiu-se e ficou tão bonito que a princesa, assim que o viu, dele se enamorou. O rei também ficou encantado e murmurou: 
__Eu era exatamente assim, nos meus tempos de moço. 
O rei convidou o falso marquês para subir em sua carruagem. 
__ Será que a vossa majestade nos dá a honra de visitar o palácio do Marquês de Carabás? – perguntou o gato, diante do olhar aflito do rapaz
O rei aceitou o convite e o gato saiu na frente, para arrumar uma recepção par ao rei e a princesa. 
O gato estava radiante com o êxito do seu plano; e, correndo à frente da carruagem, chegou a uns campos e disse aos lavradores: 
__O rei está chegando; se não lhes disserem que todos estes campos pertencem ao marquês de Carabás, o rei mandará cortar-lhes a cabeça. 
De forma que, quando o rei perguntou de quem eram aquelas searas, os lavradores responderam-lhe: 
__Do muito nobre marquês de Carabás. 
__Que lindas propriedades tens tu!- elogiou o rei ao jovem. 
O moço sorriu perturbado, e o rei murmurou ao ouvido da filha: 
__Eu também era assim, nos meus tempos de moço. 
Mais adiante, o gato encontrou uns camponeses ceifando trigo e lhes fez a mesma ameaça: __Se não disserem que todo este trigo pertence ao marquês de Carabás, faço picadinho de vocês. 
Assim, quando chegou a carruagem real e o rei perguntou de quem era todo aquele trigo, responderam: 
__Do mui nobre marquês de Carabás. 
O rei ficou muito entusiasmado e disse ao moço: 
__ Ó marquês! Tens muitas propriedades! 
O gato continuava a correr à frente da carruagem; atravessando um espesso bosque, chegou à porta de um magnífico palácio, no qual vivia um ogro muito malvado que era o verdadeiro dono dos campos semeados. O gatinho bateu à porta e disse ao ogro que a abriu: 
__Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito. Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres? 
__ Certíssimo - respondeu o ogro, e transformou-se num leão. 
__ Isso não vale nada - disse o gatinho. - Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato? 
__ É fácil - respondeu o ogro, e transformou-se num rato. 
O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava a carruagem real. E disse: 
__ Bem vindo seja, senhor, ao palácio do marquês de Carabás. 
__ Olá! - disse o rei 
__ Que formoso palácio tens tu! Peço-te a fineza de ajudar a princesa a descer da carruagem. 
O rapaz, timidamente, ofereceu o braço à princesa e o rei murmurou-lhe ao ouvido: 
__ Eu também era assim tímido, nos meus tempos de moço. 
Entretanto, o gatinho meteu-se na cozinha e mandou preparar um esplêndido almoço, pondo na mesa os melhores vinhos que havia na adega; e quando o rei, a princesa e o amo entraram na sala de jantar e se sentaram à mesa, tudo estava pronto. 
Depois do magnífico almoço, o rei voltou-se para o rapaz e disse-lhe: 
__ Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço. Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento? 
Então, o moço pediu a mão da princesa, e o casamento foi celebrado com a maior pompa. O gato assistiu, calçando um novo par de botas com cordões encarnados e bordados a ouro e preciosos diamantes. 
E daí em diante, passaram a viver muito felizes. E se o gato às vezes ainda se metia a correr atrás dos ratos, era apenas por divertimento; porque absolutamente não mais precisava de ratos para matar a fome... 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

PINÓQUIO

Era uma vez um velho carpinteiro chamado Gepeto que vivia numa aldeia italiana. Ele não tinha filhos, desta forma passava seu tempo construindo bonecos.
Um dia, Gepeto construiu um boneco de madeira muito bonito,quase perfeito e colocou o nome de Pinóquio e pensou alto: — Serás o filho que não tive, teu nome será Pinóquio.
À noite, pediu para as estrelas que seu boneco virasse um menino de verdade e, enquanto Gepeto dormia Pinóquio recebeu a visita da fada Azul que tocando Pinóquio com a varinha mágica disse:
— Vou-te dar vida, boneco.
Mas deves ser sempre bom e verdadeiro!
Ela deu vida ao boneco e prometeu que se ele se comportasse bem, o transformaria em um menino de verdade...
A Fada fez questão de criar um amigo para Pinóquio, o Grilo Falante que foi nomeado a consciência de Pinóquio.


Na manhã seguinte, quando Gepeto acordou, ficou radiante de alegria ao perceber que seus desejos se tinham tornado realidade.
Mandou então Pinóquio à escola, acompanhado pelo Grilo Falante — Pepe.
No caminho encontraram a D. Raposa e a D. Gata.

— Porque vais para a Escola havendo por aí tantos lugares bem mais alegres?
— perguntou a raposa.
— Não lhe dês ouvidos! — avisou-o Pepe.

Mas Pinóquio, para quem tudo era novidade, seguiu mesmo os tratantes e acabou à frente de Strombóli, o dono de um teatrinho de marionetas.

— Comigo serás o artista mais famoso do mundo! – segredou-lhe o astucioso Strombóli. O espetáculo começou. Pinóquio foi a estrela.
Os outros bonecos eram hábeis enquanto Pinóquio só fazia asneiras ... Por isso triunfou! No final do espetáculo Pinóquio quis ir embora, mas Strombóli tinha outros planos.
— Fica preso nesta jaula, boneco falante.
Vales mais que um diamante!
Por sorte o grilo Pepe correu e avisou a Fada Madrinha, que enviou uma borboleta mágica para salvar Pinóquio.


Quando se recompôs do susto, a borboleta perguntou-lhe aonde vivia. — Não tenho casa! — respondeu o boneco.
A borboleta voltou a fazer-lhe a mesma pergunta, e ele deu a mesma resposta.
Mas, cada vez que mentia, o nariz crescia-lhe mais um pouco, pelo que não conseguiu enganar a Borboleta Mágica.
— Não quero este nariz! — soluçou Pinóquio.
— Terás que te portar bem e não mentir!

Voltas para casa e para a Escola. — disse-lhe a Borboleta Mágica.
Depois de regressar a casa, aonde foi recebido com muita alegria por Gepeto, passou a portar-se bem.
Tempos depois, de novo quando ia para a Escola, Pinóquio encontrou pelo caminho João Honesto e Gedeão. Eles o convenceram a conhecer a Ilha de Prazeres, onde ninguém trabalhava.
Pinóquio, que gostava de aventuras, esqueceu que deveria consultar sua consciência. Seguiram a viagem em uma carroça que era puxada por burrinhos, muito infelizes.

Quando chegaram, Pinóquio saiu correndo, para conhecer a ilha. Era tudo muito bonito, cheio de doces e brinquedos.
Ele estava brincando, quando percebeu que suas orelhas estavam crescendo e ficou com medo de se transformar em um burro. Ficou muito assustado e chamou pelo Grilo Falante.
O Grilo perguntou a Pinóquio o que estava fazendo na ilha, ele começou a mentir, e a cada mentira seu nariz crescia.
Os dois acabam descobrindo que as crianças que vinham para aquele lugar eram transformadas em burrinhos.
— Anda, Pinóquio. Conheço uma porta secreta...! Não te queres transformar em burro? Levar-te-iam para um curral!
— Sim, vou contigo, meu amigo Pepe. Resolveram pedir ajuda para a Fada Azul, que tirou todas as crianças da ilha.
Quando voltou para casa, Pinóquio não encontrou Gepeto.

Estava procurando em uma praia, quando encontrou uma garrafa com uma carta dentro.
A carta dizia que Gepeto estava procurando Pinóquio no mar, quando foi engolido por uma grande baleia chamada Monstro.
Como o grilo Pepe era muito esperto, ensinou Pinóquio a construir uma jangada e entraram no mar para procurar Gepeto.
Perguntavam a todos os peixinhos que encontravam, se conheciam a baleia Monstro e dois dias mais tarde, quando navegavam já longe de terra, avistaram uma baleia.
— Essa baleia vem direita a nós! gritou Pepe.
— Saltemos para a água! Mas não puderam se salvar!!!
A baleia engoliu-os !!!


Em breve descobriram que no interior da barriga estava Gepeto, que tinha naufragado no decurso de uma tempestade e pai e filho se abraçaram de alegria.
— Perdoa-me papá.
— Suplicou Pinóquio muito arrependido.
Logo depois chegou o grilo, e os três juntos tiveram a idéia de fazer uma fogueira na barriga da baleia o que fez com que a baleia espirrasse forte, por causa da fumaça, jogando os três para fora.

A partir daí, Pinóquio, mostrou-se tão dedicado e bondoso que a Fada Madrinha, no dia do seu primeiro aniversário, o transformou num menino de carne e osso, num menino de verdade.
— Agora tenho um filho verdadeiro! Exclamou contentíssimo Gepeto.