Há muito tempo, num
reino distante, viviam um rei, uma rainha e sua filhinha, a princesa Branca
de Neve. Sua pele era branca como a neve, os lábios vermelhos como o sangue
e os cabelos pretos como a noite. Um dia, a rainha ficou muito doente e
morreu. O rei, sentindo-se muito sozinho, casou-se novamente. O que
ninguém sabia é que a nova rainha era uma feiticeira cruel, invejosa e muito
vaidosa. Ela possuía um espelho mágico, para o qual perguntava todos os
dias: — Espelho, espelho meu! Há no mundo alguém mais bela do que eu? —
És a mais bela de todas as mulheres, minha rainha! — respondia ele. Branca
de Neve crescia e ficava cada vez mais bonita, encantadora e meiga. Todos
gostavam muito dela, exceto a rainha, pois tinha medo que Branca de Neve se
tornasse mais bonita que ela. Depois que o rei morreu, a rainha obrigava a
princesa a vestir-se com trapos e a trabalhar na limpeza e na arrumação
de todo o castelo. Branca de Neve passava os dias lavando, passando
e esfregando, mas não reclamava. Era meiga, educada e amada por todos.
Um dia, como de costume, a rainha perguntou ao espelho: — Espelho,
espelho meu! Há no mundo alguém mais bela do que eu? — Sim, minha rainha!
Branca de Neve é agora a mais bela! A rainha ficou furiosa, pois queria
ser a mais bela para sempre. Imediatamente mandou chamar seu melhor caçador e
ordenou que ele matasse a princesa e trouxesse seu coração numa caixa. No
dia seguinte, ele convidou a menina para um passeio na floresta, mas não a
matou. — Princesa, — disse ele — a rainha ordenou que eu a mate, mas não
posso fazer isso. Eu a vi crescer e sempre fui leal a seu pai. — A
rainha?! Mas, por quê? — perguntou a princesa. — Infelizmente não sei, mas
não vou obedecer a rainha dessa vez. Fuja, princesa, e por favor não volte ao
castelo, porque ela é capaz de matá-la! Branca de Neve correu pela
floresta muito assustada, chorando, sem ter para onde ir. O caçador matou
uma gazela, colocou seu coração numa caixa e levou para a rainha, que ficou
bastante satisfeita, pensando que a enteada estava morta. Anoiteceu.
Branca de Neve vagou pela floresta até encontrar uma cabana. Era pequena e
muito graciosa. Parecia habitada por crianças, pois tudo ali era
pequeno. A casa estava muito desarrumada e suja, mas Branca de Neve lavou
a louça, as roupas e varreu a casa. No andar de cima da casinha encontrou
sete caminhas, uma ao lado da outra. A moça estava tão cansada que juntou as
caminhas, deitou-se e dormiu. Os donos da cabana eram sete anõezinhos que, ao
voltarem para casa, se assustaram ao ver tudo arrumado e limpo. Os sete
homenzinhos subiram a escada e ficaram muito espantados ao encontrar uma
linda jovem dormindo em suas camas. Branca de Neve acordou e contou sua
história para os anões, que logo se afeiçoaram a ela e a convidaram para
morar com eles. O tempo passou... Um dia, a rainha resolveu
consultar novamente seu espelho e descobriu que a princesa continuava
viva. Ficou furiosa. Fez uma poção venenosa, que colocou dentro de
uma maçã, e transformou-se numa velhinha maltrapilha. — Uma mordida nesta
maçã fará Branca de Neve dormir para sempre — disse a bruxa. No dia
seguinte, os anões saíram para trabalhar e Branca de Neve ficou
sozinha. Pouco depois, a velha maltrapilha chegou perto da janela
da cozinha. A princesa ofereceu-lhe um copo d’água e conversou com
ela. — Muito obrigada! — falou a velhinha — coma uma maçã... eu faço
questão! No mesmo instante em que mordeu a maçã, a princesa caiu desmaiada
no chão. Os anões, alertados pelos animais da floresta, chegaram na cabana
enquanto a rainha fugia. Na fuga, ela acabou caindo num abismo e
morreu. Os anõezinhos encontraram Branca de Neve caída, como se estivesse
dormindo. Então colocaram-na num lindo caixão de cristal, em uma clareira e
ficaram vigiando noite e dia, esperando que um dia ela acordasse. Um certo dia,
chegou até a clareira um príncipe do reino vizinho e logo que viu Branca de
Neve se apaixonou por ela. Ele pediu aos anões que o deixassem levar o corpo da
princesa para seu castelo, e prometeu que velaria por ela. Os anões
concordaram e, quando foram erguer o caixão, este caiu, fazendo com que o pedaço
de maçã que estava alojado na garganta de Branca de Neve saísse por sua boca,
desfazendo o feitiço e acordando a princesa. Quando a moça viu o príncipe, se
apaixonou por ele. Branca de Neve despediu-se dos sete anões e partiu junto com
o príncipe para um castelo distante onde se casaram e foram felizes para
sempre.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário